quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Pitanga lembra infância que lembra interior,
que lembra casa da vó que lembra histórias do vô,
que lembra festa no céu,
que lembra aquele sapo que tinha a boca "pequenininha",
que lembra a tartaruga que caia e quebrava o casco,
que lembra a raposa e o lobo que só se davam mal,
que lembra risadas e passeios na roça-própria,
que lembra pescar lambari que lembra cheiro de mato,
que lembra rede que lembra solzinho na varanda,
que lembra almoço em família que lembra deliciosa farofinha,
que lembra Natal que lembra família reunida,
que lembra quintal que lembra pitanga.
Pitanga é fruta e colhida no pé trás com ela lembranças doce doce...

As pessoas falam algo sobre mim que eu sou obrigada a concordar. Eu sou um bocado indecisa. Não consigo optar por nada no cardápio e frequentemente quando escolho algo me arrependo, entre tantas opções eu não acho justo ficar só com uma. Gosto de experimentar tudo, misturar duas frutas no suco, o que às vezes não dá nada certo e outras eu descubro receitas incríveis. Muitas vezes o meu pedido vem errado, porque eu enrolei tanto pra pedir, mudei o molho que já vinha na salada, troquei alguns ingredientes por outros e confundi a cabeça do garçom. A minha indecisão confesso que irrita, não só aos outros como a mim mesma. Faço de uma coisa que deveria ser simples, resposta sim ou não, um talvez.
Para burlar a minha indecisão eu vou aos mesmos lugares e já pensando no pedido antes mesmo de chegar, exemplo, hoje é x-salada e suco de laranja, pronto não tem erro. Pedido em tempo recorde! Uma outra coisa boa é deixar decidirem por você: -Pede um suco pra mim? -Qual suco? -Não sei decide aí vai, mas não pede suco de uva, nem de caju, nem de limão (limitando as opções)...mas eu adoro surpresas! Ahahaha já viu ? -Ah, mas porque você escolheu suco de acerola se você sabe que eu gosto de goiaba? -Po, então porque não pediu de goiaba? -Pra ver se você consegue prestar atenção em mim e saber meus gostos! -Mas se nem você sabe... -É nem eu sei, mas você deveria saber! -Tá de tpm? -Ah, não enche!

* Exemplo meramente ilustrativo, não correspondendo com a realidade, qualquer semelhança é mera coincidência.

* Ok, tpm.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vinte e quatro anos de praia:

Seis meses até engatinhar
Um ano até andar
Dois anos até falar
A infância inteira inventando histórias

Nove anos dançando balé clássico
Uma pá de anos brigando com o irmão
Bons anos paquerando o vizinho
A adolescência inteira arrumando confusão

Dois anos namorando o engenheiro
Quase um ano namorando o menino do interior
Dois anos e meio namorando o surfista, jogador de poker
Um ano namorando o professor de capoeira

Algum tempo tentando entender o pai
Algum tempo tentando entender a mãe
Algum tempo não entendendo nada
Até que percebeu que duro mesmo é se entender!

A vida inteira pra perdoar
A vida inteira pra aprender
A vida inteira batendo cabeça
A vida inteira tentando se conhecer

Seis anos fazendo faculdade
Alguns anos fazendo análise
Algum tempo viajando por aí
Algum tempo sumida dos amigos

Às vezes bebe cerveja
Raras vezes prefere chá verde
Umas vezes lê um bom livro
Hora ou outra prefere ir ao cinema

De vez em quando é vista por aí sorrindo...
De vez em quando é vista por aí sambando...
Mas o que ninguém vê é quando ela está triste
e toma banho no escuro, chora sozinha.

A vida dela é assim: intensa, infinita e linda...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009


Um punhado de dúvidas
Uma xícara de sensações esquisitas
Alguns sonhos, projetos, aventuras
Uma pitada de incerteza
Pimenta a gosto
Misturar bem, meu bem
O sabor depende do paladar do freguês
Eu to assim, meio agridoce

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Saudade tem cheiro, o cheiro dela, do bolo batido com carinho e gosto de massa crua que ela deixava a gente raspar com a colher de pau, cheiro de casca de laranja (que ela descascava todo dia pra mim assistindo novela).
Saudade do seu colinho minha vó preta, do sorriso banguela, do cafuné cata piolho, saudade de xingar a vilã da novela com você, de quando me mostrava o dedo mal educado e dava risada, que figura que ela era!
Quando foi embora ficou um vazio imenso que nunca foi preenchido, ela fazia parte da família, brigava com a gente o tempo todo, mas mimava um monte também!

Manuel Bandeira, com sua licença:

Sebastiana preta
Sebastiana boa
Sebastiana sempre de bom humor.

Imagino Sebastiana entrando no céu:
Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
Entra, Sebastiana. Você não precisa pedir licença.

domingo, 9 de agosto de 2009



lua nova
alma lavada
janela aberta

banho tomado
lençol de algodão
cheiro de mato

céu estrelado
ouço a cigarra
ninar meu sono

apago a luz
penso em você
rolo na cama