sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ela é a menina que sente uma falta danada do colo da vó.
Sente saudades de ficar sozinha jogando cinco marias e de desenhar os móveis da casa.
Passava seus dias em cima da árvore de pitanga, inventava histórias com o avô, jogava rouba monte e mandava no pedaço. Quando cansavam dela, davam logo uma boa dose de caldo de cana e ela dormia que era uma beleza!
Às vezes o telefone toca e ela demora a atender, só pra imaginar que é a vó ligando.
E todas as coisas que a menina queria contar pra vó, que são tantas.
Dividir suas conquistas, seus sonhos e seus planos...
Vovó dizia que a menina era igual a ela, brava, teimosa e tinha o dedo do pé de quem vai mandar no marido.
A menina lembra com carinho do sorriso, do otimismo, do amparo e das broncas.
Saudades.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ela sofre de encantos pelo efêmero.
Vive de recomeços e foge daqueles que tentam impor algum ritmo que não o dela.
Os ventos sopram sempre a seu favor.
O universo conspira para que tudo fique na mais perfeita ordem.
Dizem que é mimada pelos deuses.
Ela sofre de quases, quase se apaixona todos os dias e quase morre de amores...
É um pouco exagerada. Erra a mão na dose, se entrega de mais ou de menos.
Não sabe achar o caminho do meio, peca por excessos.
Vive se atropelando e caindo em outra vida, esbarrando em novos amores e novas possibilidades...
Caminha cantando e traz com ela amigos, discos e filmes...receitas, mapas e trajetos, rabiscos e alguma poesia.
Sonha acordada, o tempo todo. Fala palavrão, dança sozinha, inventa um novo curso para fazer, um programa com os amigos, um novo roteiro de viagem ou um novo esporte para praticar.
Sabe receber as surpresas que a vida traz.
Tem motivos para sorrir, caminhos para seguir e desculpas para partir...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Senta ao meu lado e coloca seus pés na água.
Fica em silêncio comigo.
Observa como tudo pede calma.
O silêncio do universo é muito barulhento.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sou de uma terra onde os pássaros voam livres
Os cavalos cavalgam soltos
Uma terra sem gaiolas nem rédeas
Lá onde os penhascos abrigam pedras-carta
Os ventos assobiam dúvidas e sopram desencontros
A água corre limpa e pode-se beber da fonte
Os galos demoram a cantar pro dia nascer preguiçoso...
As plantas são feitas de raízes fundas
De uma terra onde os amores nascem embaixo de temporal
Mas é ao cair da tarde que os desejos brotam
Os lobos uivam e as libélulas se agitam
Há que se ter cuidado com a noite
À noite os medos crescem
E tudo que era certeza vira possibilidade...
No escuro, moça pura vira bicho