sábado, 25 de dezembro de 2010

Vez ou outra me apaixono por algum desconhecido.
Imagino se ele acorda de bom humor.
Se ele usa bermuda ou sunga quando vai à praia.
Se sobe em árvores, se tem cicatrizes.
Como trata os velhinhos, se gosta de crianças.
Será que meus amigos vão gostar dele?
Se o silêncio vai ser um problema quando o assunto acabar.
Se vamos inventar afinidades...
Se a vontade de ficar perto vai crescer.
Se tem calma no trânsito, se terá paciência para esperar meus banhos demorados.
Se sabe me fazer rir, se gosta de poesia ou prefere prosa.
Se é uma boa companhia de viagem.
Se sabe contornar o tédio, reinventar saídas, rir de si mesmo.
Se eu vou me sentir a vontade ao seu lado para ser espontânea.
Se gosta de samba e bebe cerveja ou se vai a shows e prefere vodka.
Se vai ao cinema, lê livros e adora viajar.
Se pratica algum esporte toda semana, tem amigos de infância...
Se dirige bem.
Se é fanático por algum time.
Quais seriam suas manias, defeitos, chatices?
Gosto de imaginar, mas prefiro descobrir.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tinha por hábito passear despreocupadamente à beira do penhasco.
Colhia frutas que rolavam a encosta.
Descia correnteza...
Na ponta dos pés, saltava de uma pedra a outra...
Dançava a luz da Lua onde os lobos a observavam.
Até que um dia alguém avisou: Cuidado!
E tudo que ela fazia naturalmente tornou-se arriscado demais.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pupilas gustativas

Os seus olhos caleidoscópicos
saboreiam cores, amores,
calores...

Na língua o verde hortelã,
o amarelo cítrico,
o branco agridoce,
laranja lisérgico.

Por tantas vezes desbotada:
rosinha claro...
Hoje, vermelho intenso!

Azul espelho, gosto de nuvem.
Lambida, ferida
fusão multicolorida.

Papíla,
Pupíla,
Papoula.